É claro que o moral da tripulação andava um pouco abatido, depois de tanto planejamento e da perspectiva de não conseguir realizar o que viemos fazer, justamente por conta do mau tempo. Eu particularmente senti meu objetivo escorrendo pelos esgotos junto com aquelas chuvas.
Contudo, taurino de carteirinha, me mantive teimosamente firme na idéia de me largar de mar a dentro, nem que fosse debaixo d’água. Mas a “idade” cronológica – sim porque a minha idade mental muitas vezes não passa dos 15 anos - nos ensina a ter relativa prudência. Pois é, dizem que prudência e sopa quente não faz mal a ninguém.
E aquela lestada chuvosa (ventos que sopram do leste) estava tornando a pretensa missão muita arriscada. E a razão me dominou e me pediu cautela.
Mas, a idéia fixa, ao menos na mente desse que tenta descrever essa experiência, continuava martelando na cabeça.
- Ôxe! Nem que seja a ultima coisa que farei aqui ou, mesmo que tenha que ficar mais uns dias em floripa... O fato é que eu vou dar a volta nessa danada de ilha dessa vez. (Mario)
- Mariôooo.... já estou ficando pilha fraca. Tem tanta coisa atrapalhando que nem sei se quero mais dar essa tal de volta. Mas, ao mesmo tempo, se viemos aqui para isso, vamos tentar até o último minuto. (Karol)
- É assim que se fala. Somos uma dupla de lascar.. E nós vamos sim. E vamos ter o que contar pra esse monte de gente que não acredita em nós. (Mário)
45 MINUTOS DO SEGUNDO TEMPO. GOOOL!
Competimos durante o CARNACAT e não nos demos muito bem nas regatas, apesar de algumas boas colocações. Até estivemos em primeiro em duas delas, mas não agüentamos a pressão dos fortes adversários. No entanto, nada como um campeonato atrás do outro. Eles que nos aguardem. Tivemos problemas com o barco (o mastro caiu) e isso de certa forma comprometeu o resultado final.
Mas, e a volta na Ilha? Essa idéia não me saía da cabeça. Acabou o carnaval e agora é o vento que não ajudava. Andava fraco e rondado (mudando bruscamente de direção), não dando a segurança necessária para iniciar a travessia.
- Que saco isso! Tem vento e chuva demais, ou tem sol e vento de menos. É oito ou oitenta! (Mario)
- Que esporte danado esse que fui arrumar pra mim....!!!!! (Mario)
E a turma do contra tocando flauta e botando pilha e areia na nossa idéia. Diziam mais ou menos assim:
- Vocês estão ai pra tirar férias. Que volta a ilha que nada. Vão se mudar é?
- E ai seu viado, não trabalha mais não é? ( Como se advogado – profissional liberal – conseguisse tirar férias... ).
- Isso ai não vai dar certo. Não tem apoio, não vai ninguém junto. Vocês dois são uns doidos.
- Essa lestada forma muitas ondas grandes. Não é legal.
E, blá, blá, blá...Esse foi o tom de alguns dos “apoios” recebidos.
EU VOU!!!!!
Não sabem eles que ninguém me tira as coisas da cabeça. Como bom taurino sou teimoso o suficiente para remar contra a maré, se meus impulsos ou emoções nessa direção me apontarem. Sou um louco apaixonado! E quem estiver comigo tem que entender esse espírito, senão endoida.
quarta-feira (06/02)
Vento fraquinho pela manhã. Mar espelhado. E só faltam dois dias para voltar para Porto Alegre.
Como precisei ir no aeroporto e, após, arrumar umas coisas, ficou tarde e decidi transferi a “indiada” para o dia seguinte.
Havia dado uma olhada na previsão do tempo e tudo indicava melhores condições para a quinta-feira. Mas, falar em previsão de tempo em floripa chega a ser uma piada, sem graça, claro.
Assim, adiando novamente a coisa toda, decidimos pegar uma praia na quarta, descansar bem e enfrentar a travessia na quinta, bem cedo. Seria meio que no vai ou racha. Derradeira tentativa, já que eu prometi a mim mesmo que voltaria para Porto Alegre na sexta-feira. E palavra é palavra.
A quarta-feira foi de um sol bem gostoso. Relaxamos na praia, tentamos bater uma bolinha com o frescobol, e até decidimos fazer uma trilha pelas pedras, tudo para ocupar o dia.
Mas, cadê o risco? Como é que se pode gostar tanto de viver perigosamente?!?! Ou será um vício? Preciso levar isso para a terapia.
Como se fazer tudo aquilo não bastasse resolvi descer pelas pedras para tomar um banho ao sabor das ondas. Achei que não ia dar nada, já que notei que as danadas não estavam batendo muito forte. E, além do mais, aquela água verdinha estava me chamando.
Então resolvi descer as pedras e pedi para a Karol registrar o momento, batendo umas fotos.
E que momento! Veio-me uma onda – praticamente um tsunami (sou exagerado) - que literalmente lambeu minhas pernas, me derrubando e puxando. Cai de bunda (arranhei a bichinha) e de quebra tomei um caldo. Tentei me segurar para não ser arrastado e ainda por cima rasgar minha sunga novíssima, mas findei por perder um pé de chinelo legalzinho e meu anel de bali.
Resultado: Êita banhinho caro da peste!
Saldo:
· Bunda arranhada (baratinho para reparar).
· Anel de Bali = R$ 70,00
· Chinela “havaianas”, aquela que dizem que “não soltas as tiras e não tem cheiro = R$ 40,00
· A cara de bunda do Mario, segundo a Karol ... não tem preço (hahahaha).
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