terça-feira, 2 de dezembro de 2008

VAMOS CONTAR A HISTÓRIA - POR QUE NOS ENVOLVEMOS NA QUESTÃO DA SEGURANÇA E OS KITESURFS NA LAGOA - PARTE I







Florianópolis - Segunda-feira, 11 de Novembro de 2002 - Santa Catarina - Brasil


HOMENAGEM
Menina acompanhada de sua mãe coloca flores nas àguas da Lagoa da Conceição em memória de Felipe Queiroz


Fotos: James Tavares

SEGURANÇA
Manifestantes exigiram maior segurança e consciência no uso de embarcações na Lagoa da Conceição


Entidades exigem segurança na Lagoa
Pedido é para que uso de embarcações seja disciplinado de forma rigorosa pelas autoridades


Celso Martins

Se a Capitania dos Portos de Santa Catarina e a Prefeitura Municipal de Florianópolis não tomarem medidas concretas e eficazes para disciplinar o uso de embarcações na Lagoa da Conceição, as entidades comunitárias da bacia vão realizar uma ou mais manifestações de grande porte. A idéia é fechar todo o trânsito no local, provocando um caos que poderá se estender a outras regiões da Capital.
O aviso foi dado ontem durante uma homenagem ao estudante universitário Felipe de Paula Queiroz, morto na semana passada ao ser atingido por uma embarcação em alta velocidade na Lagoa da Conceição. O piloto da lancha, Nestor d'Azevedo Lemos, está sendo indiciado pelo Ministério Público por homicídio culposo.
"As entidades estão se reunindo para elaborar uma série de propostas de disciplinamento do uso das águas da Lagoa", informa o secretário executivo do Comitê da Lagoa, Jeffrey Hoff. As propostas vão ser apresentadas à Capitania e Prefeitura, durante reunião marcada para a próxima quinta-feira, às 19 horas, na sede da seccional local da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF-Lagoa).
Desses encontros preliminares estão participando diversos comerciantes, donos de marinas e de estabelecimento de aluguel de diversos tipos de embarcações. "Muitos estão preocupados com as propostas de proibição total do uso de voadeiras e jet-skis na Lagoa", relata Hoff, lembrando que já existe legislação limitando uso e velocidades no local.
"A velocidade máxima na maior parte da Lagoa é de 10 nós por hora, mas em outros locais, como no canal da Barra, no máximo três nós. A legislação também diz que essas embarcações não podem transitar a menos de 200 metros da praia", diz, lamentando que "nada seja cumprido e, em decorrência dessa desobediência, os acidentes fatais continuam a acontecer".
A homenagem e manifestação realizada ontem à tarde na avenida das Rendeiras foi organizada com o apoio de entidades, familiares e amigos. "Queremos mudança. Temos leis e elas não são cumpridas", diz o irmão do estudante morto na semana passada, Paulo de Paula Queiroz, visivelmente emocionado com a quantidade de jovens presentes ao ato, muitos com os olhos vermelhos de lágrimas.
"A situação não pode continuar como está. É preciso que se pense na vida antes de qualquer coisa. Se estivesse ocorrendo algum problema que envolvesse dinheiro, garanto que ele já teria sido resolvido, mas como se trata de vidas humanas as providências demoraram". Entre um abraço e outro e desejos de pêsames, ele destacou a necessidade "de se intensificar a fiscalização, durante 24 horas por dia, principalmente nos finais de semana".
Entre as faixas colocadas no local na manifestação, uma dizia: "Álcool... não embarque nessa. Mais fiscalização". Outra apelava: "Não deixe a irresponsabilidade acabar com o esporte aquático na Lagoa. Fiscalização já! Felipe estaremos sempre com você". Outra faixa assinada pelos "pais e irmãos" do estudante Felipe dizia que "nada nos tirará a sua lembrança querida e nosso amor".

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